Como pequenos negócios podem lucrar com comércio eletrônico

Vender produtos pela internet pode ser um passo importante para micro e pequenas empresas ampliarem ganhos e se consolidadem no mercado. Diante da baixa presença delas na rede (61% não têm site e nem estão em canais de terceiros, segundo pesquisa do Cetic.br de 2011 ), há oportunidades ainda não exploradas.

“Há espaço para ser ocupado. Quem o fizer sai na frente”,  afirma Paulo Alvim, gerente de acesso a mercados do Sebrae Nacional. Segundo ele, investir em comércio eletrônico é uma opção quando há vontade e capacidade de atingir novos públicos sem custo fixo alto e pode ser decisivo para a competividade do pequenos negócios.

Porém, nem todas as micro ou pequenas empresas estão prontas para vender pela rede. “Para empreendedores individuais e microempresários, a loja virtual será uma consequência do crescimento, por isso eles precisam estar atentos.”  O momento ideal é quando a marca já é sólida e conhecida no mercado, segundo o especialista.

Para o consultor Alberto Valle, da consultoria carioca Curso de E-commerce especializada em treinamentos nas áreas do comércio eletrônico e marketing digital, é essencial que os aspirantes a novos empresários do e-commerce realizem cursos e pesquisas antes de entrarem no negócio. “O comércio eletrônico brasileiro está muito maduro e profissionalizado, por isso é preciso que o empreendedor tenha uma noção exata das ferramentas profissionais para criação e gestão de uma loja virtual já que não há mais espaço para o amadorismo”, afirmou o consultor.

Cautela ao contratar sites de compras coletivas

De acordo com os consultores, os sites de compra coletiva mais populares no Brasil são o Peixe Urbano e o Groupon. O empreendedor anuncia um produto com desconto e repassa um percentual para o administrador do site, que realiza as vendas.

Pedro Eugênio, especialista em e-commerce e o criador do site Busca Descontos, recomenda usar o recurso de forma planejada. “O primeiro contato deve ser fabuloso. Se essas pessoas se decepcionarem, vão reclamar no mesmo canal onde fizeram a compra. E, na internet, a capacidade de disseminação é muito maior.”

Já o gerente de acesso a mercados do Sebrae Nacional, Paulo Alvim, vê a presença em sites de compra coletiva com reservas. “É preciso não acostumar mal o cliente, para ele não buscar seu estabelecimento só quando há cupom de desconto.”

Custo de loja virtual é semelhante ao de loja física

Criar uma loja virtual é o maior salto que o pequeno empresário pode dar nessa área. Ao optar por ter seu ponto próprio na web, o empreendedor terá de investir para reforçar sua presença na internet, por meio do marketing digital. Para tomar essa decisão, o empreendedor precisa antes traçar uma estratégia, porque os investimentos não são baixos.

“A loja virtual já começa a se assemelhar ao custo de uma loja física, implica tempo, pessoas para operar e fluxos organizados para processamento dos pedidos”, afirma Alexandre Soncini, da Vtex

O empreendedor tem várias opções de vitrine. E há formas de vender online com investimento baixo. Em vez de uma loja virtual, ele pode optar pelas plataformas de venda compartilhada com outros empresários ou os sites de compra coletiva. “Nas organizações menores, uma boa porta de entrada são as plataformas compartilhadas. O custo operacional de se manter uma loja virtual torna-se muito alto para essas empresas, porque a escala e a capacidade de atendimento são baixas”, diz.

Escolher forma de pagamento adequada requer pesquisa

Proprietária do Estúdio Manjericão, microempresa especializada em design e comunicação empresarial, a designer Lia Penteado abriu sua loja virtual de cartões de visita, a Manj, há menos de uma semana.

“Percebi a oportunidade, porque fazia os orçamentos de identidade visual e papelaria para microempresas e o cliente sumia.” Eles gostavam do trabalho, mas não tinham condição de pagar pela personalização. Por isso, ela criou linhas temáticas, a baixo custo, para expor na loja. “Já temos para dentistas, profissionais ligados à moda e culinária. Basta inserir os dados do cliente”, diz.

“A dica para fazer a escolha certa é pensar no seu público, encontrar uma ferramenta que tem a cara do seu cliente e vai se comunicar com ele”. A designer aponta como principal dificuldade decidir como o cliente iria pagar. “Tem de pôr a mão na massa, ler os manuais, buscar informações na internet. Pela intermediação do cartão, optei pelo Pag Seguro, que cobra 5% do valor da venda, mas o cliente pode parcelar e eu recebo à vista.”

Empreendedor deve repensar produção

De acordo com o Alvim, antes de abrir um canal de venda online, o empresário deve acompanhar a concorrência, saber informações sobre seu fluxo de comércio, para ter uma ideia de quanto será preciso aumentar a capacidade produtiva para atender à demanda da rede.

“O monitoramento pode ser feito por consultorias, sites de associações, entidades setoriais, imprensa e fornecedores . O principal meio de divulgação das informações dos mercados virtuais é a própria internet.”

É fundamental não superdimensionar a produção, para não gerar estoques, ou projetar uma demanda muito abaixo da realidade, correndo o risco de não atendê-la.

Todos os ajustes de produção devem ser feitos antes da abertura da loja virtual e o empreendedor precisa ter total controle dos custos. Investimentos altos e desnecessários vão impactar os gastos da empresa por um período longo. E o comércio eletrônico pode não dar o retorno esperado durante esse tempo.

É preciso planejar logística e formas de entrega

Um fator crítico é a entrega do produto. Se a expectativa é de muitos pedidos, o empreendedor deve contratar transportadoras particulares ou fechar participar do e-Sedex, programa dos Correios especializado em transporte de mercadorias vendidas pela internet. “No começo, o custo do frete é impactante, mas o cliente que compra na internet já entende que paga pelo serviço, porque quer receber na comodidade de casa”, afirma Alvim.

À medida que o volume de vendas aumenta, é possível renegociar contratos e reduzir  preços de venda, o que aumenta a competitividade da empresa na rede. Há contratos nos quais o empreendedor consegue oferecer ao cliente até frete gratuito.

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